Parte 1
—Já faz um tempo.
Na minha cabeça, uma voz que já tinha ouvido antes ecoou em algum lugar.
—Finalmente, finalmente nos encontramos de novo, xxx.
Uma voz cheia de nostalgia, animada.
Quem é você, perguntei, mas não recebi resposta.
—Não vou abandoná-lo de novo. Eu definitivamente não vou errar de novo. E é por isso,
Aqui, a voz misteriosa foi cortada.
Na minha cabeça, uma voz que já tinha ouvido antes ecoou em algum lugar.
—Finalmente, finalmente nos encontramos de novo, xxx.
Uma voz cheia de nostalgia, animada.
Quem é você, perguntei, mas não recebi resposta.
—Não vou abandoná-lo de novo. Eu definitivamente não vou errar de novo. E é por isso,
Aqui, a voz misteriosa foi cortada.
Parte 2
"...Haa!"
Shidou veio,
"uwahh!"
e soltou um grito.
Bem, é claro. Afinal de contas, uma
mulher que ele não conhecia estava segurando suas pálpebras abertas com os
dedos, enquanto jogava uma luz nos seus olhos com o que parecia ser uma
lanterna pequena.
"...nn? Ele acordou."
A mulher estranha com uma cara
sonolenta disse, com uma voz espaçada e indiferente.
Parecia que ela estava checando os
movimentos da pupila do inconsciente Shidou, então seu rosto estava
extraordinariamente perto. Ele podia sentir uma fragrância leve, provavelmente
o cheiro do seu xampu.
"Q-Q-Q-Q-QUEM É VOCÊ?"
"...nn, aah."
A mulher, ainda distraída, levantou o
corpo jogando tristemente a franja para o lado.
Assim que certa distância foi posta
entre eles, tornou-se possível ver toda a aparência da mulher.
Ela estava vestindo algo parecido com
um uniforme militar, e tinha cerca de 20 anos. Seu cabelo bagunçado, olhos decorados
com grossas olheiras escuras e um urso de pelúcia coberto de cicatrizes, que o
rosto por acaso estava espreitado no seu bolso do uniforme militar, eram suas
características especiais.
"... Eu sou a Oficial de Análise
daqui, Murasame Reine. Infelizmente o Oficial Médico saiu. — Mas não se
preocupe. Mesmo que eu não tenha uma licença, posso pelo menos cuidar de alguns
machucados.
"..."
Ele não podia evitar ficar preocupado.
Porque essa mulher chamada Reine
parecia obviamente menos saudável que Shidou.
Na verdade, desde cedo, como se
estivesse desenhando um pequeno círculo com a cabeça, seu corpo tem balançado
instavelmente.
Shidou, agora com a parte de cima do
corpo esticada, lembrou-se do que Reine acabou de dizer.
"—Aqui?"
Ele perguntou, olhando ao seu redor.
Shidou estava dormindo numa maca
simples. Circundando, havia uma cortina branca que era usada como um divisor.
Era parecido com uma enfermaria escolar.
Entretanto, o teto estava um pouco fora
do lugar. Alguns tubos lisos e fiações estavam visíveis.
"Q-que lugar é esse..."
"...ah, esse é o escritório médico do <Fraxinus>. Você estava
inconsciente, então nós o trouxemos para cá."
"<Fraxinus>...? E eu estava
inconsciente..., ah—"
Certo, Shidou tinha sido arrastado para
uma batalha entre a garota misteriosa e Origami, e tinha sido nocauteado.
"... um, uhm, posso fazer algumas
perguntas? Várias coisas que eu não entendo aconteceram..."
Shidou disse enquanto coçava a cabeça.
Porém, Reine não respondeu, virando
silenciosamente para longe de Shidou.
"Ah—por favor, espere...”
"... Siga-me. Tem alguém que eu
gostaria que você conhecesse.... Eu sei que tem várias perguntas, mas sou
horrível para explicar. Se você quer algo específico, deveria perguntar à essa
pessoa."
Dizendo isso, ela abriu as cortinas.
Atrás delas, tinha um espaço ligeiramente grande. Havia em torno de seis camas
alinhadas, e no fundo da sala algumas ferramentas médicas desconhecidas.
Reine virou-se para o que parecia ser à
entrada da sala, e cambaleou na sua direção.
Ela tropeçou imediatamente, e com um
bang bateu a cabeça na parede.
"! V-Você está bem?"
"...uuuu."
Ela não tinha caído. Gemendo, Reine
estava encostada na parede.
"... aah, desculpe. Não tenho
dormido o bastante recentemente."
"F-Faz quanto tempo desde a última
vez que dormiu?"
Shidou perguntou, e Reine, depois de
pensar um pouco, levantou três dedos.
"Três dias. Então é claro que você
estaria com sono."
"... Talvez em torno de trinta
anos?"
"As unidades são muito
diferentes!"
Shidou tinha até preparado uma resposta
para em torno de três semanas, mas aquela foi completamente inesperada.
E ela obviamente ultrapassava a idade
que parecia ter.
"... Bem, é verdade que não
consigo lembrar a última vez que dormi. Eu tenho alguma coisa tipo insônia
extrema."
"E-Então é isso..."
"... Oh. Ahh, licença, está na
hora do meu remédio."
Reine procurou nos bolsos, e tirou uma
caixa de comprimidos.
Ela então abriu a caixa e derramou os
comprimidos na boca, como se estivesse bebendo.
"Hey!"
Sem nenhuma hesitação, o monte de
comprimidos na boca de Reine se foi com um crunch crunch crunch gulp e
involuntariamente lançaram-se em uma rotina de comédia.
"... O que é, você é
barulhento."
"Quantos você comeu?! E de
qualquer maneira, que remédio era aquele!?"
"... Eram todas pílulas de
sono."
"Você vai morrer! Essa não é uma
boa piada!"
"... Mas eles não são realmente
efetivos de qualquer maneira."
"Que tipo de corpo você tem!"
"... Bem, é doce e delicioso,
então tudo bem."
Depois do ataque de gritos, Shidou
exalou um suspiro profundo.
"... De qualquer maneira, por
aqui. Siga-me."
Reine devolveu a caixa vazia para o
bolso, e mais uma vez começou a andar com passos cambaleantes, abrindo a porta
do escritório médico.
"..."
Shidou rapidamente colocou os sapatos
esaiu da sala, seguindo-a.
"O que é isso..."
Do lado de fora da sala, havia o que
parecia ser um corredor estreito.
A cor pálida das paredes e do chão
estilo mecânica por alguma razão fezShidou recordar das entranhas da nave de
guerra espacial que apareceu em alguma ópera espacial, ou dos corredores do
submarino de algum filme.
"... O que eu estou fazendo?"
Shidou, já sem saber o que era o que,
lentamente começou a mover os pés.
Confiando apenas nas costas de Reine
que estava cambaleando com passos vacilantes, os passos ecoavam no corredor que
parecia ter saído de um filme.
Depois de andar por um tempo.
"... É aqui."
No final do caminho, Reine parou na
frente de uma porta com um pequeno painel eletrônico do lado e disse algo.
No momento seguinte, o painel
eletrônico deu clique leve e a porta abriu suavemente.
"... Aqui, por favor, entre."
Reine entrou. Shidou seguiu-a depois.
"... Isso é..."
Ele viu a cena do outro lado da porta.
Para explicar em uma única frase, era
como a proa de um navio. Na frente da porta que Shidou havia passado, o chão se
espalhava numa forma metade oval, e posicionado no centro estava uma cadeira
que parecia ser o assento do capitão.
Além disso, seguindo as escadas
suavemente inclinadas dos dois lados levavam para um nível inferior, onde
podia-se ver os membros da tripulação operando consoles de observação
complexos. Era escuro como um todo, e os monitores espalhados aqui e ali
emitiam uma luz que desagradavelmente afirmava sua presença.
"... Eu o trouxe."
Reine balançava a cabeça
vertiginosamente enquanto falava.
"Bom trabalho."
O cara alto parado do lado da cadeira
do capitão fez uma reverencia como um mordomo. Ele tinha cabelos ondulados e um
nariz que não parecia japonês. Era um rapaz que parecia que poderia aparecer em
uma novel BL
"Olá. Eu sou o Vice Comandante daqui,
KannazukiKyouhei. Prazer em conhecê-lo."
"O-Ok..."
Enquanto coçava o rosto, fez uma
pequena reverência com a cabeça.
Por um momento, Shidou havia pensando
que Reine estava falando com aquele cara.
Entretanto— ele estava enganado.
"Comandante, o Diretor de Análise
retornou."
Kannazuki chamou e da cadeira do
capitão que estava com as costas para eles, um gemido baixo foi ouvido,
enquanto ela lentamente girou.
E então.
"—Eu te dou as boas-vindas.
Bem-vindo ao <Ratatoskr>."
A voz da pessoa que era chamada de
'comandante' soava um pouco amável demais, conforme a figura de uma garota
usando uma camisa militar escarlate nos ombros ficou clara na sua visão.
Seu cabelo estava preso em duas
marias-chiquinhas. Ela tinha uma forma pequena, olhos redondos como bolotas e
na boca um Chupa Chups.
Shidou franziu a testa. Afinal de
contas, não importava como você encarasse aquilo—
"... Kotori?"
Exatamente, não importa se você vá pela
aparência, pela voz, ou pela aura que a circulava, embora houvesse algumas
diferenças, aquela garota era sem duvida a irmãzinha fofa de Shidou, Itsuka
Kotori.
Parte 3
"—Itsuka, Shidou."
Murmurando numa voz fraca que ninguém
mais poderia ouvir, seu rosto apareceu na mente de Origami.
Sem dúvida, ele era o garoto daquela
vez. Não tinha como as memórias de Origami estarem erradas.
Era vergonhoso, mas eles só se
encontraram daquela vez, então não tinha como ele lembrar-se de Origami. Desde
que entrou no colégio, ela tentou aproximar-se dele de várias maneiras, mas
todas acabaram falhando.
E agora, havia um problema ainda mais
urgente.
"Por que ele estava em um lugar
como esse?"
Ela não conseguia entender porque ele
tinha aparecido nas ruas depois do alerta de spacequake ter soado.
Também— ele definitivamente havia
visto.
Origami, no equipamento especial— e o
espírito.
"Sargento Tobiichi, as preparações
estão completas!"
"..."
Com a voz mecânica súbita, Origami
balançou a cabeça abatida verticalmente.
Ela então se focou imediatamente no
comando em sua cabeça.
O comando viajou para baixo pela fiação
da roupa presa em torno do corpo de Origami, passando pelas partes propulsoras
das costas e ativando o Realizer incorporado.
Envolvido no equipamento cuja forma não
parecia adequada para voar, o corpo de Origami estava flutuando ligeiramente no
ar.
JGSDF - Base Tenguu.
No hangar situado em uma das esquinas,
seguindo as instruções mecânicas, Origami pousou em sua doca pessoal como se
estivesse sentando, colocando suas armas de volta nos lugares designados e
finalmente, exalando um suspiro profundo, desligando todos os Realizers.
Ao mesmo tempo, o peso do equipamento e
o stress acumulado que não tinha sentido nem um pouco há momentos atrás se
abateram sobre seu corpo, tudo de uma vez.
O som de uma máquina começou detrás
dela e os propulsores que carregava estavam desligados.
No entanto, tiveram de passar mais três
minutos até que Origami pudesse mover-se daquele lugar.
Isso sempre acontecia após utilizar um
CR-Unit . Voltando de um sobre-humano para uma pessoa normal, o corpo sentia-se
anormalmente pesado.
Unidade Realizer de Combate. Geralmente
chamado de CR-Unit.
Aquele era o nome dado para o
equipamento tático que usava a tecnologia miraculosa, o Realizer, na qual os
humanos obtiveram depois de um longo spacequake trinta anos atrás.
Ele recebia os resultados calculados
pelos computadores e, distorcendo as leis da física, os manifestavam no mundo
real.
Resumindo, embora tenham algumas
restrições, é uma tecnologia que transforma imaginação em realidade. Tem sido
chamado de sistema que pode produzir a chamada 'magia' através demodos
científicos.
Ao mesmo tempo, era o único jeito dos
humanos lutarem com os espíritos.
"Saia do caminho! Maca
passando!"
Uma voz gritando veio da direita.
Movendo apenas os olhos, Origami notou
um membro da equipe com o mesmo uniforme mecânico na maca.
"...Merda, droga, aquela vadia...!
Eu juro que eu a mato...!"
O membro da equipe na maca estava
segurando uma atadura encharcada de sangue na testa e murmurando amargamente
insultos enquanto era levado.
"..."
Não deveria haver problemas se conseguia
praguejarcom tanto vigor. Perdendo o interesse, Origami moveu o olhar de volta.
Na verdade, se o tratamento for
efetuado usando um Realizer para usos médicos, enquanto não for um ferimento
extremamente sério, pode ser curado num instante. Quando Origami quebrou sua
perna antes, no dia seguinte ela já podia andar de novo.
"——"
Enquanto exalava um longo suspiro,
Origami olhou de relance para cima.
Ela se lembrou da batalha de hoje.
—A calamidade que destruirá o mundo,
espíritos.
Era uma anormalidade que sobre-humanos
como Origami não podiam nem ter esperanças de eliminar.
Aparecendo do nada, espalhando
destruição por capricho, eram monstros ao nível de desastres naturais.
"..."
No final, até mesmo a batalha de hoje
acabou com o espírito se perdendo, porém era mais como se o espírito houvesse
decidido descer as cortinas.
Perdido não significa que o espírito
morreu.
Tudo o que significa, é que o espírito
escapou para outra dimensão.
Embora houvesse registros em livros
onde parecia que as ações dos AST expulsassem espíritos, Origami, assim como
todos os outros membros envolvidos em batalhas diretas, sabia.
Os espíritos não sentem absolutamente
nenhuma ameaça vinda deles, e quando os espíritos somem, era simplesmente por
capricho.
"..."
Sua expressão não mudou nem um pouco.
Entretanto, Origami cerrou os dentes de
trás com força.
"Origami"
A voz que veio de dentro do hangar
quebrou seus pensamentos.
"..."
Silenciosamente, virou-se para encarar
a voz. Seu corpo provavelmente não tinha se acostumado ainda, já que sentia que
sua cabeça estava extremamente pesada.
O realizer básico equipado no uniforme
de fiação, quando iniciado, pode expandir o território pessoal em alguns metros
ao redor da pessoa.
Esse território é a essência do CR-Unit Como o nome diz, é um lugar onde os pensamentos do usuário podem tornar-se
realidade.
Ele tinha a habilidade de suavizar
qualquer ataque externo, bem como ainda permitia a falta de gravidade por
dentro, para se sentir livre. Enquanto o território estiver expandido, os
membros da AST podem tornar-se super-humanos.
Por isso que na volta, por um tempo
após usar o CR-Unit, era difícil mover o corpo livremente.
"Bom trabalho."
Usando o mesmo
uniforme que Origami, estava uma mulher em torno dos seus 20 anos, com a mão no
quadril.
Usando o mesmo uniforme que Origami,
estava uma mulher em torno dos seus 20 anos, com a mão no quadril.
Capitão Kusakabe Ryouko. O Oficial
Comandante da AST a qual Origami fazia parte.
"Você fez bem expulsando aquele
espírito sozinha. ...Eu dei o relatório escrito para Tomonara e Kagaya. O que
estávamos pensando, recuando e deixando o espírito só para Origami."
"Eu não o expulsei."
Origami respondeu e Ryouko encolheu os
ombros.
"Bem, tenho que reportar desse
jeito para os superiores. Se não mostrarmos algum resultado, os orçamentos irão
cair."
"..."
"Vamos, não faça essa cara. Eu estou te elogiando, afinal de contas. Nessa situação, onde o lugar do campeão ainda está vazio, você está se esforçando bastante. Ainda, se você não estivesse aqui, o número de pessoas que morreram a mais não seria só um ou dois."
Fuuuu, exalou a respiração.
"Mas ei," Ryouko afiou o
olhar, agarrou a cabeça de Origami e virou-a em sua direção.
"Você estava um pouco fora dos
limites.—Quer morrer tanto assim?"
"..."
Com seu olhar cortante ainda fixado em
Origami, Ryouko continuou.
"Você realmente entende com que
tipo de oponente você estava lutando aqui? Aquilo é um monstro, pelo amor de
Deus. Um furacão com inteligência. —Você entende? Dentro das suas habilidades,
suprimir os danos ao mínimo, dentro das suas habilidades, faça-o se
perder o mais rápido possível. Esse é o nosso trabalho. Não exponha-se ao
perigo inutilmente."
"—Isso está errado."
Origami respondeu enquanto olhava
Ryouko diretamente nos olhos e, mais uma vez, abriu os lábios levemente.
"Derrotar os espíritos, esse é o
dever do AST."
"..."
Ryouko franziu a testa.
Como capitã da AST, era suposto que
entendesse o nome da Equipe Anti-Espíritos melhor do que Origami.
Por ter entendido, afirmou.
—Não podemos fazer nada além de
suprimir os danos.
Entretanto, enquanto reconhecia isso,
Origami repetiu mais uma vez.
"—Eu vou, derrotar, os
espíritos."
"..."
Ryouko soltou um suspiro e tirou as
mãos da cabeça de Origami.
"Eu não planejava ouvir o que
pessoalmente acha. Pense o que quiser. —Entretanto, se parecer que você irá
desobedecer algum comando no campo de batalha, será expulsa do time."
"Entendido."
Origami deu uma resposta curta, ergueu
o corpo que tinha finalmente ajustado e foi embora.
Parte 4
"—Então, esse é o monstro que
chamamos de espírito e aqui é a AST. Eles são a JGSDF da Equipe Anti-Espíritos.
Você se meteu em uma situação bem preocupante. Se não o tivéssemos reconhecido,
você teria provavelmente morrido duas ou três vezes a essa hora. Então, para a
próxima—"
"E-Espere um pouco!"
Shidou aumentou a voz, tentando
segurar Kotori, que tinha começado sua rápida explicação.
"O que é isto? Depois de todo
o trabalho que essa comandante está tendo para dar-lhe uma explicação direta.
Se for chorar, então o faça com mais dignidade. Já que é assim, eu posso ao
menos dar-lhe o privilégio especial de lamber o meu pé."
Estufando o peito levemente, com um
olhar que parecia estar olhando-o de cima, uma corrente de abusos que não eram
estilo-Kotori saiu da sua boca.
"Se-Sério!?"
A voz cheia de alegria veio do que
estava parado ao lado de Kotori, Kannazuki. Kotori instantaneamente respondeu
"você não" e lhe deu uma cotovelada no plexo solar.
"Gah...!"
Vendo essa mudança, Shidou abriu a
boca em surpresa.
"...Ko-Kotori... É você? Você
estava segura?"
"O que é isso, esqueceu-se do
rosto da sua irmãzinha, Shidou? Eu sabia que era ruim em lembrar-se das coisas,
mas não esperava que fosse tanto. Talvez seja uma boa ideia reservar um lugar
para você numa casa de reposo agora mesmo."
Uma linha de suor desceu pelo rosto
de Shidou.
Ele beliscou a bochecha. Doeu.
A irmãzinha amável de Shidou nem
conseguia parar de chamá-lo de "onii-chan'.
Coçando a parte de trás da cabeça,
Shidou soltou uma voz perturbada.
"... De alguma maneira, eu
estou tão confuso que é como se o interior da minha cabeça tivesse virado o
Crocodile Panic . Que merda está
acontecendo? Ou melhor, onde estou? Quem são essas pessoas? Também—”.
Kotori, acenando com a cabeça um
"ok, ok", estendeu a mão e parou Shidou.
"Acalme-se. Se eu não entender
o que está perguntando, então não tem como respondê-lo."
Dizendo isso, Kotori apontou para a
tela na ponte.
Ali, a garota de cabelo preto que
Shidou encontrou mais cedo, assim como os seres humanos em armaduras mecânicas,
estava sendo exibida.
"Uhmmm... você disse...
espírito?"
Shidou perguntou enquanto coçava a
bochecha. Lembrou-se da palavra que Kotori usou em sua explicação mais cedo.
Aparecendo aleatoriamente no mundo,
um monstro de origens desconhecidas.
"Sim. Ela é um ser que não
existia nesse mundo originalmente. Apenas por aparecer nesse mundo, não por sua
própria vontade ou qualquer coisa assim, a área ao seu redor seria levada pelo
vento."
Com um bang, Kotori bateu as duas mãos
e depois abriu, simulando uma explosão.
Shidou fez uma careta com a mão
ainda na bochecha.
"...Desculpe, a escala é um
pouco grande demais, então é difícil entender."
Ouvindo isso, Kotori encolheu os ombros,
"você ainda não entende depois de tudo isso?" e suspirou.
"O que estou dizendo é que
esse spacequake, ou melhor, o fenômeno que chamamos assim, são efeitos causados
depois que espíritos como essa garota aparecem no nosso mundo."
"O q..."
Shidou inconscientemente uniu as
sobrancelhas.
Um terremoto numa área aberta.
Spacequake.
Um fenômeno extremamente irracional
que destrói a humanidade, no mundo.
E a razão por trás de tudo isso é
aquela garota—?
"Bem... a escala de destruição
varia. Poderia ser limitado, tão pequeno como alguns metros, ou tão grande
como— em torno da extensão de um buraco gigante aberto no meio do
continente."
Kotori fez um grande círculo com os
braços.
Ela provavelmente estava falando
sobre o primeiro spacequake trinta anos atrás— aquele que era conhecido como O
Desastre Aéreo da Eurásia.
"A sorte estava ao seu favor,
Shidou. Se a escala da explosão naquela hora fosse um pouco maior, você
provavelmente teria sido desintegrado instantaneamente."
"..."
Foi exatamente como ela disse. Mesmo
agora, o corpo de Shidou curvou-se de medo.
Vendo Shidou daquele jeito, Kotori
fechou os olhos pela metade.
"E de qualquer forma, por que
você saiu enquanto o alerta soava? Você é idiota? Queria morrer?"
"Não, não é... porque você
foi, olhe pra isso."
Shidou tirou o celular do bolso e
mostrou os dados da posição de Kotori. Como esperado, o ícone de Kotori estava
parado em frente ao restaurante familiar.
"Hm? Ahh, isso."
Entretanto, Kotori tirou seu
próprio celular do bolso.
"Ahh...? Por que você tem, isso.”
Shidoutrocou olhares entre a tela
do seu próprio celular e o que Kotoricarregava, que estava bem na frente dos
seus olhos. Por Kotori estar naquele lugar, ele achava que ela teria derrubado
o celular na frente do restaurante.
Kotori encolheu os ombros e soltou
um suspiro profundo
"Eu estava imaginando o porquê
de você ter saído enquanto o alerta soava. Então essa é a razão. Quão estúpida
você acha que eu seria, irmão idiota."
"M-Mas... Ehh, por que esse—”.
"Simples. O motivo é que
estamos na frente do restaurante agora mesmo."
"Huh...?"
"Ok, então. Acho que seria
mais rápido se eu mostrasse. —Corte o filtro."
Seguindo as palavras de Kotori, a
proaescura imediatamente iluminou-se.
No entanto, não era porque as luzes
ligaram. Se alguma coisa, era como se uma cortina preta que escondesse o teto
tivesse sido subitamente removida.
Na verdade, o céu azul espalhava-se
ao redor deles.
"O-O que é isso..."
"Por favor, não faça
algazarra. A área lá fora é exatamente como você vê."
"A área lá fora é...
isso."
"Mhmm. Onde estamos é
exatamente 15000 metros acima da Cidade de Tenguu. Em termos de lugar, acabou
coincidentemente sendo bem em torno do restaurante familiar onde planejávamos
nos encontrar."
"Onde nós estamos..."
"Exato. Esse <Fraxinus>
é um dirigível."
Cruzando os braços, Kotori soltou
um sorrisinho *fufun*. Era
exatamente como uma criança se gabando sobre seu brinquedo favorito. Não— se
alguma coisa, era provavelmente mais próximo de uma mãe apresentando seu filho
criado carinhosamente.
"D-Dirigível... ? O que
diabos é isso. Por que você está em um lugar como esse?"
"Esse é o porquê, eu não disse
para ouvir minhas explicações em ordem? Até mesmo um frango pode lembrar-se de
andar três passos."
"Uuuu..."
"... Entretanto, pensar que
esse lugar seria encontrado através de um dispositivo de rastreamento de
celular... nós deixamos isso passar completamente. Deixamos nossa guarda baixa
depois de aplicar o Invisível e Evitável com o Realizer. Devemos levantar
algumas contra-medidas depois."
Enquanto murmurava palavras que
Shidou não entendia, Kotori colocou a mão no queixo.
"D-Do que você está
falando?"
"Ahh, não se preocupe. Eu não
esperava que você acompanhasse isso de qualquer maneira, Shidou. Afinal de
contas, você tem um cérebro que perderia para o de um caranguejo peludo em
termos de preço por grama."
"..."
"Comandante. Miso de
caranguejo não é feito com cérebros e sim com entranhas."
Uma gota de suor escorreu pelo
rosto de Shidou quando Kannazuki disse aquilo com uma voz firme.
"..."
Kotori moveu os dedos, acenando
para ele vir, e Kannazuki deu uma leve reverência.
E então *pa*, o palito do pirulito que
ela havia acabado foi jogado na direção dos seus olhos.
"Nuaaaaaghh!"
Apertando o olho, Kannazuki caiu
para trás.
"V-você está bem?!"
Não parecia que ele estava se
mexendo. Shidou levantou a voz em preocupação.
Porém, logo quando estava para
correr até ele, parou.
Kannazuki, que havia caído no chão,
tirou um lenço do bolso e com uma expressão em êxtase, calmamente o enrolou ao
redor do palito de pirulito que Kotori havia jogado nele.
"Desculpe, eu te fiz ficar
preocupado? Eu estou bem, essa é uma recompensa em nosso tipo de
trabalho!"
Dizendo isso, Kannazuki
instantaneamente levantou, parando perfeitamente ereto.
Que tipo de trabalho era aquele,
Shidou particularmente não queria saber os detalhes.
"Kannazuki."
"Sim."
Kotori levantou dois dedos e
Kannazuki tirou outros dois doces para repor e deu á ela.
"Então, voltando ao assunto.
AST. Essa é uma unidade especializada em espíritos."
Enquanto falava, Kotori apontou
para um grupo de pessoas que estavam sendo mostradas na tela.
"...Uma unidade especializada
em espíritos... o que exatamente eles fazem?"
Ouvindo a pergunta de Shidou,
Kotori levantou as sobrancelhas como se a resposta fosse óbvia.
"Simples. Se o espírito
aparece, então eles voam até lá e cuidam disso."
“Cuidam disso...?”
"Essencialmente, os
exterminam."
"...!"
Não era como se o que Kotori havia
dito fosse uma surpresa.
Entretanto— Shidou foi assaltado
por um sentimento como se seu coração estivesse sendo torcido.
"E-Exterminam...?"
"Isso."
Despreocupadamente, Kotori
assentiu.
Shidou engoliu em seco. O som das
batidas do seu coração estava terrivelmente alto.
Ele entendeu o que eles disseram.
Espíritos. Eles certamente eram uma existência perigosa.
Mas— não importa o que, para ir tão
longe a ponto de matá-los.
Subitamente, Shidou viu o rosto da
garota em sua mente.
(—Afinal de contas, você não veio para me matar também?)
O significado por trás dessas palavras que a garota disse, ele finalmente entendeu.
(—Afinal de contas, você não veio para me matar também?)
O significado por trás dessas palavras que a garota disse, ele finalmente entendeu.
Tanto quanto o sentido daquela
expressão que parecia que as lágrimas cairiam a qualquer momento.
"Bem, se você considerar isso
normalmente, tê-los mortos seria provavelmente o melhor para nós."
Aparentemente sem nenhuma emoção
particular, Kotori falou.
"P-Por... quê?"
"Por que, você pergunta?"
Com uma expressão distorcida,
Shidou perguntou como se estivesse gemendo e Kotori sofisticamente botou sua
mão no queixo.
"Não há nada de estranho
nisso, certo? Eles são monstros. Apenas por aparecerem nesse mundo, eles causam
spacequakes. Eles são o veneno mais maligno e mortífero que existe!"
"Mas você não disse antes? Que
os spacequakes não têm nada a ver com os desejos dos espíritos."
"Exatamente. Pelo menos,
acredita-se que a explosão ao chegarem nesse mundo não é relacionada ás
intenções do espírito. —Mas, há marcas de destruição e vítimas de spacequake
resultadas pelas lutas com a AST depois."
"... Mas não é porque essas
pessoas da AST os atacaram?"
"Bem, pode ser. — Entretanto,
essa é meramente uma hipótese. Pode ser que, se a AST não fizer nada, os
espíritos encantadoramente comecem suas atividades destrutivas."
"Isso... provavelmente não irá
acontecer."
Kotori inclinou a cabeça em espanto
com a afirmação de Shidou.
"Qual é a sua prova?"
"Alguém que destrói ruas por
diversão... não faria uma expressão como aquela."
Alguma coisa como aquela era muito
vaga e fraca para ser chamada de prova, mas... por alguma razão, Shidou
acreditava naquilo do fundo do seu coração.
"Então, provavelmente não é de
acordo com a intenção deles, certo? Mas ainda assim—"
"Estando ou não causando isso
voluntariamente, esse não é o problema. Em ambos os casos, é um fato que os
espíritos estão causando os spacequakes. Não é como se eu não visse aonde quer
chegar, mas você não pode deixar uma existência perigosa ao nível de uma bomba
nuclear sozinha, só porque sente pena dela. Hoje aquele caso terminou com
apenas uma pequena explosão, mas não podemos ter certeza que da próxima vez não
será um desastre ao nível do da Eurásia."
"Mesmo assim... chegar a ponto
de matá-los..."
Shidou argumentou teimosamente e
murmurando "Meu Deus", Kotori encolheu os ombros.
"Vocês só se encontraram por
alguns minutos e, acima de tudo, era alguém que quase te matou, mas você ainda
está do lado deles... Poderia ser que você tenha se apaixonado por ela?"
"N-Não mesmo. Eu estava apenas
imaginando se havia algum outro jeito."
"Algum outro jeito, huh."
Ouvindo as palavras de Shidou,
Kotori soltou um longo suspiro.
"Então vamos ouvi-lo, que
outros jeitos você acha que existe?"
"Isso é—"
As palavras pararam.
Na sua mente, ele havia entendido
completamente o que Kotori havia dito.
Uma aberração que deixava marcas
profundas no mundo só por aparecer— espíritos.
Uma coisa como essa deve ser
eliminada o mais rápido possível.
Entretanto, foi apenas por um
momento.
Shidou testemunhou aquilo. O rosto
da garota, que parecia que as lágrimas estavam para cair.
Shidou havia ouvido aquilo. A voz
da garota, cheia de sofrimento.
—Ahh, isso é errado, foi o que
ele havia pensado.
"...De qualquer maneira."
Da boca de Shidou, palavras
começaram a fluir naturalmente.
"Se...nós não falarmos com
eles propriamente nem uma vez... não saberemos."
O medo de encarar a morte
diretamente naquela hora ainda estava cravado nas profundezas do seu corpo.
Era, honestamente, um medo que
faria qualquer um querer escapar.
Entretanto, Shidou não podia
simplesmente deixar aquela garota daquele jeito.
Porque ela é— o mesmo que Shidou.
Ouvindo as palavras de Shidou, os
lábios de Kotori se curvaram em um sorriso malicioso.
Era como se ela estivesse dizendo
"Eu estava esperando por essas palavras".
"Entendo.—Então, deixe-me
ajudá-lo."
"Huh...?"
Enquanto a boca de Shidou pendia
aberta, Kotori abriu os braços.
Reine, Kannazuki, a tripulação
espalhada abaixo e ainda o dirigível —<Faxinus>, era como se ela
estivesse indicando todos eles.
"Eu disse que nós vamos
ajudá-lo com isso. Todo o poder do <Ratatoskr> será utilizado para apoiar
Shidou."
Com um movimento elegante, Kotori
botou os dedos nos joelhos.
"O qu-que você está falando?
Eu não—"
"Deixe-me responder sua
primeira pergunta. A sobre quem somos nós."
Como se para bloquear as perguntas
de Shidou, Kotori aumentou a voz.
"Ok? Os modos de lidar com um
espírito se encaixam basicamente em dois métodos principais."
"Dois...?"
Shidou perguntou. Kotori deu um
aceno exagerado com a cabeça e então levantou o dedo indicador.
"O primeiro é a aproximação
que a AST está utilizando. O método de exterminá-los através de um confronto de
poder."
Seguindo aquilo, seu dedo do meio
também levantou.
"O outro é... o método de
falar com os espíritos. —Nós somos os <Ratatoskr>. Uma organização criada
com o propósito de resolver os spacequakes sem matar os espíritos, através da
conversa."
"..."
Shidou estreitou as sobrancelhas,
pensando. Sobre o que exatamente a organização é e por que Kotori era parte de
uma organização como aquela... havia várias perguntas em sua mente, mas— por
agora, ele perguntou a que estava lhe incomodando mais.
"...Então, por que tal
organização vai me ajudar?"
"Você entendeu tudo errado. Em
primeiro lugar, a organização chamada <Ratatoskr> foi criada por causa de
Shidou." "Ha, haaaa...!?"
Shidou teve uma quebra magnífica de
expressão e soltou uma voz histérica.
"Espere um pouco. Agora eu
estou mais confuso que antes. Por minha causa?"
"Sim. —Bem, talvez seja mais
correto dizer que é uma organização para estabelecer as bases do papel de
Shidou em negociar com os espíritos, com o objetivo de resolver o problema. De
qualquer jeito, é uma organização que não existiria se Shidou não existisse."
"E-Espere. O que você quer
dizer? Todas essas pessoas se reuniram por essa razão? Ou mais importante, por
que eu!?"
Shidou perguntou. E enquanto rolava
o doce dentro da boca, Kotori murmurou.
"Mm, bem, Shidou é
especial."
"Isso não é uma
explicação!!!!"
Incapaz de resistir, ele gritou.
Entretanto, Kotori sorriu
destemidamente e deu de ombros.
"Oh, bem, você entenderá o
motivo eventualmente. Não é o bastante? Eu estou dizendo que nós, todos os
membros e todas as nossas tecnologias, vamos nos voltar ás suas ações. Ou— você
está pensando em parar sozinho entre os espíritos e a AST sem nenhuma
preparação? Você morrerá, com certeza."
Kotori revirou os olhos e falou com
uma voz fria. Sem perceber, Shidou segurou a respiração.
Era como Kotori havia falado. Shidou
estava apenas dizendo suas ideias e esperanças, mas não possuía nenhuma
intenção de torná-las realidade.
Eram tantas as coisas que ele
queria dizer que parecia que iriam transbordar de dentro da sua garganta, mas
ele de alguma maneira resistiu e perguntou apenas o que avançaria com o
assunto.
"...Então, para isso, o método
de conversa, o que precisa ser feito particularmente?"
Um pequeno sorriso flutuou no rosto
de Kotori.
"Sobre isso."
Ela então botou a mão no queixo,
"Faça o espírito— se
apaixonar."
Sorrindo, ela disse aquilo
orgulhosamente.
.....
Depois de um tempo.
"...O que?"
Uma gota de suor desceu pelo rosto
de Shidou enquanto franzia o rosto.
"...Desculpe, eu realmente não
entendo."
"Como eu disse, vire amigo
dela, fale com ela, flerte com ela, namore com ela, e faça-a ficar perdidamente
apaixonada."
Ouvindo Kotori falar isso como se
estivesse determinado, Shidou enterrou a cabeça nas mãos.
"Uhm, e por que isso
resolveria o problema dos spacequakes?"
Kotori colocou um único dedo no
queixo e com um "mmmm" fez um gesto de que estava pensando.
"Se nós queremos a solução dos
spacequakes sem usar a força, então nós precisamos persuadir o espírito,
certo?"
"Parece certo."
"Para isso, não seria mais
rápido fazer o espírito gostar deste mundo? Oh, esse mundo é maravilhoso~, se
eles ficarem assim, então até mesmo um espírito não iria tumultuar
aleatoriamente."
"Entendo."
"Assim, bem, não é dito com
frequência? Que se você se apaixonar, então o mundo todo parece lindo. —Então,
namore com ela e faça o espírito se apaixonar por você!"
"Não, tem algo errado nessa
lógica."
Era óbvio que a lógica tinha ido
embora pela janela. Com uma gota de suor caindo pelo rosto de Shidou, ele
comentou.
"E-Eu não posso passar por uma
coisa dessas..."
"Fique quieto seu
frangote."
Shidou tentava expressar sua
queixa, mas Kotori cobria com uma voz alta que não o deixava escolha.
"Eu não deixarei a AST matar
os espíritos~, tem que haver outro jeito~, mas eu não gosto do jeito da
<Ratatoskr>~ ...? Se você vai ser ingênuo então ao menos faça com
moderação seu besouro. O que você pode fazer sozinho? Saiba seus próprios
limites."
"Ugghh..."
"—Eu não preciso da aprovação
do fundo do seu estômago. Mas se você não quer matar os espíritos... então você
não tem autoridade para escolher o método."
Por algum motivo, um sorriso
maligno flutuou no rosto de Kotori.
Na verdade, era como ela havia
dito.
Sem nenhum poder ou suporte, mesmo
que Shidou queira falar com aquele espírito de garota mais uma vez, não se
tornaria realidade.
Os métodos da AST estavam fora de
questão—provavelmente,até mesmo o grupo de Kotori queria iludir os espíritos
por benefício próprio, já que era o único motivo que podia pensar.
Porém— era um fato que não havia
outro jeito.
"..., eu entendi."
Shidou assentiu amargamente e o
sorriso de Kotori preencheu seu rosto.
"—Yoroshiku. Olhando a data em
que estamos, a próxima vez que um espírito aparecerá será pelo menos daqui a
uma semana. Nós iremos começar a treinar amanhã."
“Huh...? Treinar...?”
Shidou pronunciou atordoado.
Parte 5
O dia seguinte chegou.
"Venha."
"Eh?"
Subitamente.
A mão de Shidou foi agarrada por
Origami enquanto ele soltava uma voz confusa.
"Ah, es-espere..."
Sua cadeira caiu com um estrondo e ele
foi carregado para fora da sala por Origami.
Atrás dele, a boca de Tonomachi estava
escancarada, e por algum motivo, grupos de garotas estavam fazendo tumulto com
um *kyaa, kyaa*.
Enquanto pensava que outro boato ia
começar por aí, Shidou seguiu Origami. Bem, pelo menos é melhor do que
ser tratado como o 'melhor casal' com Tonomachi, confortou a si mesmo.
11 de Abril, Terça-Feira.
Aquele era o dia após Shidou ter
passado por uma estranha e irreal experiência.
No final, depois daquilo, Shidou foi
levado para outra sala, onde lhe foi dada uma explicação detalhada da situação
por um homem que ele não conhecia,que se arrastou até tarde da noite
(honestamente, ele não lembrava realmente das ultimas partes) e depois de
assinar vários formulários, ele foi finalmente autorizado a voltar para casa.
Sem mesmo tomar banho, ele mergulhou na
cama. E antes que percebesse, já era de manhã.
Carregou seu corpo mole para o colégio
e suportou as aulas, enquanto esfregava seus olhos sonolentos, e finalmente a
última aula acabou— foi o que ele estava pensando quando, naquele momento, o
incidente aconteceu.
Sem dizer nem uma palavra, Origami
subiu as escadas até alcançar a porta trancada do telhado e finalmente soltou
sua mão.
O barulho dos alunos saindo do colégio
parecia horrivelmente longe.
Apesar de existirem pessoas a menos de
dez metros de distancia, parecia que aquele era um lugar solitário e isolado.
"Eh, uhmm..."
Mesmo que ele não sentisse nada por
Origami, por algum motivo ser carregado para um lugar como esse por uma garota
o fez sentir-se estranho. O olhar de Shidou nadou.
Porém, sem nenhum aviso, "Ontem,
por que você estava em um lugar como aquele?"
Ela falou enquanto olhava para Shidou
diretamente nos olhos.
"Bem, parecia que minha irmã ainda
estava nas ruas depois do alarme soar, então eu estava procurando..."
"Entendi. —Você a encontrou?"
Shidou respondeu. E com suas expressões
imutáveis, nem mesmo demonstrando surpresa, Origami respondeu.
"—A-Ah... sim."
"Oh. Que bom."
Ao dizer isso, os lábios de Origami
continuaram a se mover.
"—Ontem, você me viu."
"A-Ahh..."
"Não conte a ninguém."
Quando Shidou estava para afirmar,
Origami disse em uma voz de comando.
Eu imagino como ela reagiria se eu
respondesse "Se você não quer que todos saibam, então é melhor fazer o que
eu mandar, hehehe", tal curiosidade perigosa apareceu namente de
Shidou.
Mas como esperado, Shidou não tinha
tanta coragem assim. Lentamente inclinou a cabeça para frente.
"Além disso, não é só eu— mas tudo
que você viu e ouviu ontem. Seria melhor se você esquecesse tudo isso."
Ela estava definitivamente... falando
sobre o espírito.
"Você quer dizer aquela
garota?"
"..."
Origami meramente olhou para Shidou
silenciosamente.
"H-Hey... Tobiichi. Aquela
garota—"
Ele já tinha ouvido sobre os espíritos
pelo <Ratatoskr>, mas Shidou perguntou ainda assim.
Afinal, era apenas o ponto de vista de
Kotori e sua organização. Se forem pessoas como Origami que cruzam espadas com
eles, pensou que teriam um modo diferente de pensar.
"Era um espírito."
Origami deu uma resposta curta.
"...E-Esse espírito, é uma má
pessoa...?"
Shidou tentou fazer a pergunta.
Enquanto fazia isso, era de leve, mas
pensou ter visto Origami morder os lábios.
Tobiichi Origami:
"—Meus pais, há cinco anos, faleceram por causa dos espíritos."
"—Meus pais, há cinco anos,
faleceram por causa dos espíritos."
"...O q—"
A resposta inesperada parou as palavras
de Shidou.
"Eu não quero que tenham mais
pessoas como eu."
"...Então é isso—"
Shidou botou a mão no peito.
Tentou de alguma forma acalmar os
batimentos cardíacos intensos e profusos.
Entretanto, subitamente um pensamento
preocupante veio a sua cabeça. Enquanto coçava a bochecha, perguntou á Origami,
que estava até agora olhando diretamente para ele:
"Agora que penso nisso,
Tobiichi... sobre o espírito e coisas do tipo, está tudo bem pra você falar
sobre eles? Bem, mesmo que eu tenha perguntado..."
"..."
Origami ficou em silencio por um
momento.
"Sem problemas."
"S-Sério?"
"Se você mantiver em
segredo."
“... E se eu não mantiver?"
"..."
De novo, suas palavras pararam por um
momento.
"Isso seria um problema."
"Entendo... isso seria ruim. ...Eu
prometo a você, não contarei a ninguém."
Com um aceno, Origami aprovou.
No final da conversa, Origami moveu seu
olhar para longe de Shidou e desceu as escadas.
"...Fuuu..."
Quando não podia mais ver as costas de
Origami, Shidou encostou-se na parede e soltou um suspiro. Mesmo que eles
tenham simplesmente só conversado, ele se sentiu extremamente nervoso.
"Seus pais morreram por causa dos
espíritos—huh."
*Dong*, bateu a cabeça na
parede e murmurou.
Os espíritos eram chamados de “a
calamidade que destruirá o mundo”. Algo assim— provavelmente acontece.
"... Fui apenas ingênuo afinal de
contas..."
Origami e Kotori, embora tendo direções
diferentes, estavam se movendo firmemente com suas crenças.
Mas e Shidou?
As palavras grosseiras que disse á
Kotori ontem, conseguiria falar as mesmas para Origami?
"..."
*Haaa*, soltou um suspiro.
Ele não achava que suas ações eram um erro, mas tinha um sentimento complicado.
"Kyaaaaaaaaaaaaaaaa—!!"
Da direção do corredor, ouviu os gritos
de uma estudante.
"...!? O-O que há de
errado??"
Saltando apressadamente as escadas e
dando uma olhada, viu que alguns alunos haviam se aglomerado no corredor.
"O-O que aconteceu?"
"P-Parece que ela é uma nova
professora e... ela caiu de repente..."
Perguntei e a aluna que estava por
perto respondeu apressadamente.
"Eu não entendi realmente, mas por
agora vamos chamar a enfermeira—"
Quando Shidou começou a falar, a mulher
caída no jaleco branco segurou sua perna.
"W-Waaaah!?"
"... Não se preocupe comigo. Eu só
tropecei."
Enquanto falava, a mulher levantou
lentamente o rosto que tinha sido achatado no chão.
"V-Você é...!"
Franja longa e olheiras grossas. Estava
usando óculos, mas não tinha como esquecer essas características faciais.
"...Hn? Ahh, você é—"
A mulher— Oficial de Análise do
<Faxinus>, Murasame Reine, lentamente se levantou do chão.
"O-O que você está fazendo em um
lugar como esse...?"
"... Não consegue dizer pelo que
está vendo? Virei uma professora. Particularmente, estarei ensinando física,
como também tomarei a posição de professora assistente de classe da sala
2-4."
Enquanto mostrava o crachá no peito,
Reine respondeu. A propósito, o urso de pelúcia coberto de cicatrizes estava
pendurado no bolso do jaleco, logo abaixo do crachá.
"Não, não tinha como eu saber
disso!"
Um grito— nesse ponto, Shidou notou que
os olhares dos que os arredondavam estranhamente focaram-se neles.
"Ah... P-Parece que ela está
bem."
Esticou a mão e ajudou Reine a se
levantar.
"...Nn, obrigada."
"De nada. Vamos conversar enquanto
andamos."
Dando atenção aos que estavam ao seu
redor, Shidousugeriu.
Marchando ao passo de Reine, eles se
arrastaram para longe.
"Uhm— Oficial de Análise
Reine?"
"Nn, ahh, só Reine está bom."
"Huh?"
"...Eu também o chamarei pelo
nome. Dizem que coordenação e cooperação nascem da confiança."
Reine afirmou com a cabeça algumas
vezes e olhou para o rosto de Shidou.
"Uhm, você era... Shintarou,
certo?"
"Longe disso!"
Não haviam nada parecido com confiança
aqui.
"... Então, Shin, isso deve ter
sido repentino."
"O que há com esse final
esplendido? Ou melhor, você até me deu um apelido estranho!"
O grito explodiu. Entretanto, Reine
continuou como se não tivesse ouvido as palavras de Shidou.
“... As preparações para o treinamento
de fortalecimento na qual Kotori falou ontem foram completadas. Eu estava te
procurando. Isso é perfeito, vamos proceder para a sala de preparações de
física."
Qualquer coisa que Shidou dissesse
seria inútil, então ele desistiu de retrucar e depois de um longo suspiro,
retornou uma pergunta.
"O que exatamente eu estarei
fazendo nesse treinamento? Uhm... Reine-san."
"...Hm. Eu ouvi isso de Kotori,
mas Shin, parece que você nunca se relacionou com garotas antes, certo?"
"........."
—Minha irmãzinha querida, por que você
está vazando a história do seu irmão com mulheres (zero) para outras pessoas?
Uma veia pulsou no rosto de Shidou e
ele deu um aceno ambíguo.
"... Não é como se eu estivesse
tentando te culpar. É ótimo ter morais tão firmes. ...Mas, isso não o ajudará
quando você tentar seduzir o espírito."
"Ugh..."
Franzindo a testa, ele gemeu.
Foi provavelmente quando estavam
passando perto da sala dos professores quando
"...Ah?"
Shidou viu uma cena estranha e parou.
"...O que há de errado?"
"Olhe para isso..."
Estavam olhando para sala em que a
professora Tama-chan estava andando— e seguindo ela, uma sombra minúscula com o
cabelo dividido em dois então virou.
"Ah!"
Talvez notando o olhar de Shidou, mas a
expressão da sombra minúscula—de Kotori, subitamente se iluminou.
"Oniii-chaaaaaaaan!"
Instantaneamente, como se sugada em sua
direção, Kotori deu um ataque surpresa no estômago de Shidou.
"Hagaa...!"
"Ahahaha, você disse hagaa! Esse é
o prefeito! ahahahaha!"
"Ko-Kotori...!? Por que você está
nesse colégio..."
Shidou perguntou enquanto, de alguma
maneira, empurrava Kotori que estava agarrada ao seu estômago.E de trás de
Kotori, a professora Tama-chan correu até eles.
"Ah, Itsuka-kun. Sua irmã veio
aqui, então estávamos indo avisá-lo agora mesmo."
"A-Ah..."
Dando uma boa olhada, Kotori estava
usando os chinelos dos visitantes e tinha um crachá de visitante no peito,
acima do seu uniforme do ensino fundamental. Parece que ela entrou no colégio
depois de passar propriamente pelas formalidades.
"Oh, professora, obrigada!"
"O prazer é meu."
A professora retornou um sorriso á
Kotori que estava balançando a mão energeticamente.
"Oh, que irmã mais fofa."
"Haa... éé."
Enquanto uma gota de suor descia pelo rosto
de Shidou e com um sorriso amargo, deu uma resposta ambígua.
Depois de sorrir e acenar com um
"tchau tchau" para Kotori, a professora saiu em direção á sala dos
professores.
"...Então, Kotori."
"Huh, o quê?"
Enquanto abria seus olhos redondos,
Kotori balançou a cabeça.
Aquele comportamento pertencia á
irmãzinha fofa a qual que Shidou estava familiarizado.
"Você... aquelas coisas ontem à
noite, como o <Ratatoskr>, ou espíritos—"
"Vamos falar disso mais
tarde."
Seu tom era o mesmo de sempre, mas por
algum motivo teve a sensação de algum tipo de pressão, então Shidou ficou em
silêncio.
Então, detrás de Shidou, a voz quieta
de Reine ecoou.
"... Você chegou cedo,
Kotori."
"Mm, é porque deixei o
<Fraxinus> para trás na metade do caminho."
Mesmo que tenha dito falar sobre essas
coisas mais tarde, ela naturalmente falou o nome do dirigível.
Sentindo que aquilo era um pouco
irracional, Shidou botou a mão na testa.
Olhando para aquilo com um sorriso
despreocupado, Kotori começou a andar pelo corredor, como se para guiar Shidou.
"De qualquer jeito, hey,
onii-chan. Vamos?"
Dizendo isso, Kotori puxou sua mão.
"O q...Whoa, eu entendi, então vá
mais devagar."
Hoje ele tinha sido arrastado por
garotas diversas vezes. Enquanto pensava vagarosamente nisso, chegaram ao destino.
"Agora, entre, entre~"
"Não diga como se fosse
'heigh-ho'!"
Á pedido de Kotori, Shidou deslizou a
porta.
Imediatamente a seguir, franziu a testa
e esfregou os olhos.
"...Hey."
"... O quê?"
Reine respondeu ás palavras de Shidou
inclinando a cabeça.
"O que é essa sala?"
A sala de preparação física não era um
lugar que os alunos entravam normalmente, e na verdade, Shidou não tinha ideia
do que continha.
Mas até então, ele percebeu.
—Aquilo não era a sala de preparação de
física.
Afinal de contas, a visão de Shidou se
encheu com um grande número de computadores, monitores e vários instrumentos
eletrônicos que ele nunca tinha visto antes.
"... Eles são os equipamentos da
sala?"
"Por que está respondendo com uma
pergunta!? Ou melhor, antes disso, essa não é a sala de preparos físicos? O que
aconteceu com o professor a cargo desse lugar!"
É verdade. Originalmente, aquela era
suposta de ser o único lugar além do banheiro onde o gentil e singelo velho
professor de física, Chousoka Beshiyouchi (apelidado de chapéu de pedra nato),
podia descansar.
Agora, a figura do professor Chousoka
Beshiyouichi não podia ser vista em lugar nenhum.
"..Ah, ele. Hmm."
Reine botou a mão no queixo e deu um
pequeno aceno.
"..."
"..."
"..."
"..."
Desse jeito, alguns segundos se
passaram.
"...Oh, bem, mesmo que fique
parado aí não vai mudar nada. Por favor, entre."
"O que vem depois do 'hmm'!?"
Que habilidade incrível de ignorar. É
uma habilidade que os japoneses definitivamente deveriam aprender nos dias
atuais.
Reine entrou na sala primeiro e sentou
na cadeira colocada na parte mais profunda da sala.
Depois, Kotori entrou na sala do lado
de Shidou.
Então, de um jeito bem casual, ela
soltou o cabelo preso pelas xuxas brancas e prendeu-o de novo com as xuxas
pretas que tirou do bolso.
"—Phew."
Quando fez isso, pareceu que a aura de
Kotori mudou subitamente.
Ela então lentamente afrouxou a gola do
uniforma e se jogou na cadeira perto de Reine com um grande thump.
E então, da bolsa que carregava, Kotori
tirou o que parecia ser uma pequena capa.
Dentro, alinhados lindamente em
conjunto, havia vários tipos de Chupa Chups.
Era o tão falado recipiente de doces.
Kotori escolheu um, botou na boca e deu
um olhar como se estivesse vendo Shidou por cima, que ainda estava parado na
entrada da porta.
"Até quando você vai ficar parado
aí, Shidou? Ou você está tentando virar um espantalho? É bom você desistir. Com
essa cara estúpida, não acho que você poderá espantar os corvos. Ah, mas já que
é tão grosso, talvez por outro lado humanos não cheguem perto de você."
"..."
Vendo sua irmã que havia se
transformado em uma rainha em um único momento, Shidou botou a mão na testa.
Ao mudar a xuxa, deve ter provavelmente
causado uma troca de mentalidade.
Era como se virasse as peças do Reversi,
impressionadamente como Jekyll & Hyde.
"...Kotori, qual é sua
personalidade verdadeira...?"
"Você está sendo bem rude. Não vai
ser popular com mulheres desse jeito. —Ahh, então é por isso que você é virgem.
Desculpe por ressaltar uma coisa tão óbvia."
"...Hey."
"De acordo com as estatísticas,
mais da metade dos homens que chegam aos vinte e dois anos sem ter conseguido
namorar uma garota continuará virgem pelo resto da vida."
"Isso significa que eu ainda tenho
mais do que cinco anos sobrando! Não subestime meu futuro eu!"
"Pessoas que falam somente sobre
possibilidades e quanto tempo tem de sobra, no final, a única coisa que acabam
dizendo é "Me esforçarei a partir de amanhã."
"Guh..."
Percebendo que não venceria uma
discussão, cerrou os dentes e fechou a porta.
"... Agora, de qualquer maneira
Shin, o treinamento está para começar. Por favor, sente aqui."
Dizendo isso, Reine indicou a cadeira
amassada entre as duas.
"...Okay."
Shidou já havia percebido que qualquer
reclamação seria inútil, então seguiu em sua direção e sentou na cadeira.
"Agora, vamos começar
imediatamente a tort...*cof**cof*, vamos começar o treinamento."
"Você acabou de dizer
tortura."
"Imaginação sua. —Reine."
"...Ahh."
Reine assentiu. Por algum motivo,
parecia que iria dormir ali, daquele jeito.
"... Não apenas para baixar a
guarda do alvo, mas com a intenção de ganhar sua afeição, manter uma conversa é
essencial. Embora possamos dar instruções de onde ir e o que dizer... se a
pessoa em questão está nervosa então não vai funcionar."
"Uma conversa com uma garota...
não deve ser tão difícil."
"Imagino."
Kotori subitamente segurou a cabeça de
Shidou e empurrou-a com força entre os seios de Reine.
"......!?"
"...Nn?"
Reine soltou um barulho estranho.
Suas bochechas foram atacadas por uma
sensação macia e quente. E seguindo isso, uma fragrância que parecia derreter
seu cérebro circulou seu nariz. Shidou instantaneamente empurrou a mão de
Kotori para longe e levantou a cabeça com uma sacudida.
"...O-O-O-O que você está
fazendo...!"
"Hmm, isso não é bom huh."
Kotori encolheu os ombros ironicamente.
"Você entende agora, certo? Se algo
como isso mexer até mesmo com seu batimento cardíaco então definitivamente não
é uma boa coisa."
"Não, claramente esse exemplo é
estranho, certo!?"
Entretanto Kotori não estava disposto a
ouvi-lo, enquanto balançava a cabeça em desapontamento.
"Sério, você é um cherry-boy,
huh. Oh meu deus, eu realmente pensei que você é um pouco fofo?"
"C-Cala a boca."
"...Bem, isso não é bom? É por
causa disso que viemos aqui afinal de contas."
Dizendo isso, Reine cruzou os braços.
Seu busto naturalmente magnífico estava ainda mais enfatizado.
Ou melhor, eles estavam 'montando' em
seus braços.
"..."
Por algum motivo, olhar para eles o
fazia sentir-se envergonhado, então sem perceber sua visão vagou.
—Teinar para se acostumar com garotas.
Na cabeça de Shidou, as palavras de
Reine ecoaram.
Além disso, elas tornaram-se mais ou
menos como evitar ser frustrado em situações eróticas... ou alguma coisa assim.
Kotori e Reine, o que exatamente estão
planejando obrigar Shidou a fazer aqui—
"Engula sua saliva. É
nojento."
Colocando os cotovelos na mesa, Kotori
disse com os olhos semiabertos.
"...! N-não, não é isso, Kotori!
E-Eu não estava..."
"...Oh, bem, porque não começamos
imediatamente?"
Cortando a conversa entre Kotori e
Shidou, Reine empurrou os óculos para cima.
"Haa—, e-espere, eu não me
preparei ainda..."
Com a voz tremendo de nervosismo,
Shidou endireitou as costas.
Sem ligar para ele, Reine murmurou
"...Nn" e como a um momento atrás, trouxe o corpo em direção á
Shidou.
Comparado com o caso anterior onde eles
foram trazidos em contato sem nenhum aviso prévio, seu coração palpitou mais
rápido.
—Ahh, o quê? O que exatamente ela vai
fazer...!?"
Com o coração batendo desse jeito, ele
nem conseguia se mover. Enquanto fazia uma expressão como se fosse o personagem
principal de um mangá shoujo dos anos 80, Shidou fechou bem os olhos.
Entretanto, não importa quanto tempo
ele tenha esperado, nada aconteceu.
Abrindo os olhos e dando uma olhada,
Reine só tinha apertado o botão para ligar o monitor na mesa.
"Eh...?"
Enquanto Shidou encarava fixamente, a
palavra <Ratatoskr> desenhada graciosamente apareceu na tela.
Depois, junto com uma música pop,
garotas bonitas com cabelos coloridos foram mostradas em ordem, e um logo que
parecia ser o título, ‘Se apaixone, meu•pequeno•Shidou', girou.
"I-Isso é..."
"...Aham. Isso é o chamado jogo
simulador de encontros."
"Isso é um galge?!"
Shidou soltou um grito agudo.
"Oh, o que você imaginava? Parece
que só suas habilidades de fantasiar são de primeira categoria,
repugnante."
Itsuka Kotori:
"Oh, o que você imaginava? Parece que só suas habilidades de fantasiar são
de primeira categoria, repugnante."
“...N, i-isso n...”
Se atrapalhando por causa das
palavras... de alguma maneira conseguiu se acalmar limpando a garganta.
"E-Eu estava apenas imaginando se
algo como isso realmente conta como treinamento..."
Silenciosamente, Kotori olhou para ele
com um olhar como se estivesse vendo algo sujo.
Ele esperava que ela ao menos dissesse
algo. Esse silêncio, esse silêncio é doloroso.
"...Bem, por favor, não diga isso.
Essa é só a primeira parte do treinamento. Além disso, não é algo que você pode
achar nas lojas, ele foi produzido por todo o <Ratatoskr>. Ele reproduz
realisticamente situações que podem acontecer na realidade. Deve ser ao menos
capaz de te preparar. Por sinal, é para maiores de15."
"Ahh... então não é para maiores
de 18."
Shidou disse aquilo sem nenhum
significado particular, e Kotori olhou para ele com um olhar beirando a pena.
"Você é o pior."
Então, Reine coçou a cabeça.
"...Shin, você não tem 16? Você
não deveria poder jogar jogos para maiores de18 certo?"
"Mas isso não é sutilmente
diferente do que disse um momento atrás?!"
Ele gritou, mas não parecia que nem
Kotori nem Reine iriam responder;
"...Nn, então vamos começar."
"Ok, ok... vejamos."
Apesar de sentir que algo não tinha
sentido algum, Shidou pegou o controle da sua mão como pedido.
Jogando um galge enquanto sua irmã e
professora veem, que tipo de punição é essa?, ele pensou.
Passando o monólogo do protagonista, o
jogo prosseguiu.
Então, a tela subitamente ficou preta.
"Bom dia, meu irmão! Hoje é mais um ótimo dia!"
Junto com essas palavras, uma CG fofa
apareceu na tela.
Uma garota baixa, provavelmente irmã do
protagonista, foi desenhada em uma estrutura inclinada.
Ou melhor, ela estava pisando no
protagonista que estava dormindo.
Com a calcinha a mostra.
"Não tem como!!"
Enquanto agarrava o controle, Shidou
aumentou o tom da voz.
"... O que há de errado, Shin.
Algum problema?"
"Você não disse que reproduziria
situações que poderiam acontecer na realidade?!"
"... Exatamente, tem algo estranho
ali?"
"Estranho ou não, uma situação
confusa como essa nunca... poderia..."
Parando no meio, a testa de Shidou
começou a suar.
Lembrou-se que, por algum motivo, uma
experiência extremamente similar parecia ter acontecido ontem de manhã.
"... O quê?"
"... Esqueça, não é nada."
Com a sensação que havia alguma coisa
extremamente estranha, Shidou voltou ao jogo.
Depois que avançou um pouco o texto,
algumas palavras apareceram no meio da tela.
"Huh...? O que é isso?"
"Mm, são opções. Você escolhe a
próxima ação do protagonista através de um desses. Ao fazer isso, seus pontos
de afeição mudarão de acordo, então tenha cuidado."
Dizendo isso, Kotori apontou para o
topo do lado direito da tela. Ali, estava algo como um contador com o ponteiro
no zero.
"Hmm... Entendi. Então estará tudo
bem se eu só escolher um deles, certo?"
Shidou moveu os olhos do contador de
pontos de afeição para as escolhas certas.
①"Bom dia. Eu te amo Ririko." Abraça amavelmente sua irmã.
①"Bom dia. Eu te amo Ririko." Abraça amavelmente sua irmã.
②"Estou acordado.
Ou melhor, você me acordou completamente." Puxa a sua irmã para a cama.
③"Te peguei, sua
idiota!" Você segura a perna que está pisando em e dá uma Chave de
Tornozelo.
"... O que diabos são essas três
opções! Que parte disso é real?! Eu nunca fiz nenhuma dessas coisas!"
"Tanto faz, mas o tempo limite já
está acabando."
"Huh...?!"
Exatamente como Kotori disse, o número
mostrado embaixo das opções estava passando gradualmente.
"... Acho que terei de fazer
isso."
Shidou disse como se estivesse gemendo
e escolheu a mais normal entre as opções, ①.
"Bom dia. Eu te amo Ririko."
Abraço minha irmã Ririko amavelmente.
Ao fazer isso, o rosto de Ririko se
enche de desprezo e ela me empurra para longe.
"Eh... hey, o quê, quer parar com
isso? É grosseiro."
Os pontos de afeição caíram para menos
cinquenta.
"Isso deveria ser real!"
Enquanto batia o controle nos joelhos,
Shidou gritou.
"Ahhhh, você é um idiota. Mesmo
que seja sua irmã, é óbvio que isso aconteceria se você a abraçasse
subitamente. —Jeez, que bom que é só um jogo, se isso acontecesse na realidade,
um amável buraco de ar seria aberto no estômago de Shidou."
"Então o que eu devo fazer!"
Shidou gritou sobre esse tratamento
extremamente irracional e Kotori agiu como se não tivesse ouvido.
Com um suspiro, ela ligou a tela LCD na
sua frente.
"Ah...? O que você está
fazendo?"
"Mesmo que seja um treinamento,
precisa ter um pouco de tensão."
Na tela, um cenário que ele conhecia
apareceu. Era a entrada do Raizen High School.
Ali, a vista da câmera, estava um
senhor de meia-idade usando o uniforme do colégio.
"... O que há com esse cara?"
"Ele faz parte da nossa
tripulação."
Dizendo isso, Kotori puxou do nada algo
que parecia um microfone e falou nele.
"—Sou eu. Shidou falhou na
escolha. Faça."
"Huh?"
O homem na imagem curvou-se.
"Huh...? O-o quê?"
Shidou estreitou as sobrancelhas e o
homem na imagem tirou um pedaço de papel do bolso. Ele então segurou-o na
frente da câmera.
No momento em que viu aquilo, Shidou
sentiu um choque, como se seu coração tivesse parado.
"I-Isso é—"
Vendo a reação dele, um sorriso que
mostrava que estava gostando muito daquilo surgiu no rosto de Kotori.
"Exatamente. É o poema que o
Shidou mais novo, afetado pelos mangás, escreveu: 'Etude, o tributo do mundo
corroído."
"P...P-P-P-Por que você tem
isso... ?!"
Era sem dúvida o poema que Shidou tinha
escrito no seu notebook no ensino fundamental. Mas antes de entrar no ensino
médio, tornou-se vergonhoso e ele deve ter jogado fora.
"Fufu, pensei que poderia
ser útil algum dia, então eu o peguei."
"O, o-o-o quê você está
planejando...!"
Sorrindo, Kotori deu o comando,
"Faça."
"Certo."
Com uma resposta curta, o homem
educadamente colocou o poema dentro do armário de sapatos mais próximo.
Desse jeito, algum aluno que chegar ao
colégio amanhã acabará lendo o poema que Shidou pôs sua alma para fazer!
"O... o que você está
fazendo!"
"Não faça tanta confusão, você é
vergonhoso. Se errar enquanto estiver lidando com um espírito, então não
terminará com algo assim. Não há dúvidas sobre o que acontecerá com Shidou, mas
há também a possibilidade de sermos levados juntos. —Então, com o objetivo de
te dar a sensação de tensão, botei essa penalidade."
"Isso é demais!! Ou melhor, eu não
seria o único que se machucaria?!"
Shidou gritou e Reine afirmou, botando
a mão no queixo.
"...é verdade, o que Shidou diz
tem sentido."
"! E-Exatamente!"
Com a ajuda inesperada, o rosto de
Shidou se iluminou. Porém,
"... Nesse caso, quando Shin errar
uma opção nós deveríamos encarar também algum tipo de penalidade."
Dizendo isso, ela começou a lentamente
tirar seu jaleco.
"Esp... o que você está
fazendo?!"
"...Uh, você não estava dizendo
que era injusto que fosse o único a ser envergonhado? Então quando Shin errar a
escolha, eu vou tirar uma peça de roupa desse jeito."
Ela disse e sem parecer particularmente
envergonhada cruzou os braços.
"Não foi isso que eu quis
dizerrrr!"
"Tanto faz, continue o jogo."
Kotori impacientemente chutou a
cadeira.
Com a aparência de que estava para
chorar, Shidou desistiu e encarou a tela.
Mas, se as escolhas que aparecerem
depois são todas como essa, ele não tinha confiança de que conseguiria passar
seguramente por elas.
"Uwah, frangando e pensando como
um plebeu, que vergonhoso."
"C-Cala a boca, é minha primeira
vez jogando alguma coisa assim, então me dá um tempo!"
"Jeez, certo então. Só essa única
vez. —Salve aqui."
"O-Ok..."
Depois de terminar de salvar, recomeçou
o jogo e voltou á primeira escolha.
"..."
Com uma expressão sombria, olhou as
opções... realmente não parecia haver uma escolha decente.
Mas não parecia que a ③ aumentaria seus pontos de afeição. Pelo modo de eliminação, escolheu a ②.
Estou acordado. Ou melhor, você me acordou completamente."
Acordando meio sonolento, puxei Ririko
para cama e joguei as cobertas por cima dela.
"Ah..., o-o que você está
fazendo!"
"Eu não posso evitar. É por causa
de Ririko que chegamos a esse ponto."
"!! Não, pare! Nããããão!"
"Está tudo bem, está tudo bem,
está tudo bem."
A tela ficou preta.
Os acontecimentos após isso aconteceram
em um instante.
A irmã mais nova desabando em lágrimas.
O protagonista sendo batido pelo pai. O som claro de algemas. O protagonista,
rindo sozinho na sala escura.
Com esse CG de fundo, uma música
triste, assim como os créditos, começaram a rolar.
"Que diabos foi isso!"
Incapaz de resistir, Shidou gritou.
"Se você faz algo assim
subitamente, então é óbvio que vai acabar se tornando um agressor sexual."
"Então a ③ é a resposta correta?!"
Shidou reiniciou o jogo e pela terceira
vez retornou a primeira escolha, selecionando dessa vez a ③.
"Te peguei, idiota!"
Torci a perna da minha irmã, dando uma
Chave de Tornozelo— ou tentando.
"Ingênuo."
Curvou o corpo escapando do aperto, e
desse jeito, passou a perna ao redor das minhas costas e segurou minhas pernas
num esplêndido Shapshooter.
"Gwahh...?!"
Depois disso, por causa dos ferimentos
sofridos, o protagonista tornou-se paraplégico e foi forçado a viver preso á
cadeira de rodas. —Dessa maneira, o jogo acabou.
"Hey, não era a ① a escolha correta afinal de contas?! E normalmente sua irmã mais nova
não deveria poder fazer um movimento assim!"
"Hmpf."
Assim que Shidou disse isso, Kotori
segurou-o pela gola e arremessou-o no chão, instantaneamente segurando suas
pernas e fazendo um Sharpshooter.
"Gah...?!"
"Hmph, gah? Pelo menos chame pela
sua mãe."
Dizendo isso, ela soltou Shidou e
endireitou cordialmente seu cabelo.
"H-Hey, onde você aprendeu um
golpe des—"
"É uma forma de defesa pessoal
para damas."
Ela disse categoricamente.
A imagem que Shidou tinha de uma dama
subitamente mudou para uma lutadora musculosa profissional.
"Ugh..., e sobre isso? no final,
qual é a resposta certa?"
"Jeez, você vai até pedir à
criadora pela resposta?
Enquanto falava, Kotori tomou o
controle de Shidou, reiniciou o jogo e procedeu até a primeira escolha.
Ela então continuou encarando
silenciosamente a tela sem selecionar nada.
"...? O que você está fazendo? Se
não se apressar—"
Antes de Shidou terminar de falar, o
número que aparecia embaixo chegou á zero.
"Nnnn... só mais dez minutos..."
"Vamos! Acorde já!"
Desse jeito, uma conversa extremamente
normal foi mostrada na tela.
O marcador de pontos de afeição não
subiu nem desceu.
"O qu..."
"Você não acha que tem algo errado
em escolher entre opções tão estranhas?"
Rindo desdenhosamente, Kotori devolveu
o controle para Shidou.
"Farei uma exceção especial e
deixarei você continuar dessa parte, então se apresse e continue. Oh, e
começando da próxima escolha, haverá penalidades."
"Guh..., grr..."
Sentindo algo inexplicável, Shidou
pegou o controle.
Continuando o jogo, uma professora
ostentando um busto que passava de 100 centímetros apareceu na tela.
Mesmo que já fosse algo irreal, Shidou
ignorou e continuou.
Então,
"Kyaa!"
Com um grito, a professora tropeçou
aparentemente em nada e caiu de um jeito que o rosto do protagonista foi
empurrado entre seus seios.
Como esperado, o controle foi jogado na
mesa.
"Não tem como! Algo assim..."
Começou a falar, mas, de novo, Shidou
sentiu um suor frio, e desanimadamente pegou o controle de volta. Ele sentiu
que algo como isso, mesmo a situação sendo diferente, aconteceu algum tempo
atrás.
"O que há de errado, Shidou?"
"...Nada."
Silenciosamente, continuou o jogo.
Ao fazer isso, uma escolha apareceu
novamente.
①"Depois de algo assim... professora, eu estou ficando apaixonado por você." A abraça gentilmente.
② "E-esse é o
deus dos seiosss!!" Segura os seios.
③"Chance!"
muda para um armlock.
... Mais uma vez, nenhuma delas parecia
ser sã.
"Então é igual...!"
Shidou cerrou os punhos firmemente.
Esse deve seguir o mesmo padrão do anterior.
Esperando até o contador chegar a zero,
como esperado, um texto apareceu na tela.
"..., kyaaaah! O que você está fazendo!? Pervertido! É um pervertido!"
A professora gritou e os pontos de
afeição caíram para -80.
"O que diabos!"
Shidou gritou e Kotori meramente
balançou a cabeça em desprezo.
"Se você se aproveitar dos seus
seios por tanto tempo sem tentar sair, a resposta parece óbvia."
"Então o que eu deveria
fazer!?"
"Você não leu o texto anterior á
escolha? Ela é a orientadora do Clube de Judô, Goshogawara Chimatsuri. Você
deve botá-la em modo de defesa e mover sua atenção dos peitos para a
disputa."
"Como diabos eu deveria saber
isso!"
"—Bem, um perdedor é um perdedor.
Faça."
"Entendido."
O homem na câmera pegou um pedaço de
papel do bolso novamente e mostrou para a câmera.
Nele, estava um desenho bruto de um
personagem, assim como as suas configurações detalhadas.
"Is... Isso é!"
"Isso mesmo. É o manuscrito do
personagem original que Shidou criou no passado."
"Gyaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah?!"
Apesar de Shidou ter soltado um grito,
o homem botou o papel em um armário aleatório.
"Pare pare pare paaaaare!"
Shidou segurou a cabeça e gritou, e
Reine começou a fazer movimentos farfalhantes.
"..., Reine-san!"
Ele tinha esquecido. Ela tinha dito que
sempre que Shidou levasse uma penalidade, ela removeria outra peça de roupa.
Bem, por Shidou ser um aluno saudável
do ensino médio, não é mentira dizer que ele não estaria feliz... mas, por algum
motivo, ele estava incomodado.
Felizmente, Reine ainda estava usando
várias roupas no corpo. Se ele se certificasse de não fazer nenhuma outra
escolha errada, então—
"...Nn"
Exatamente quando Shidou estava
pensando isso, Reine lentamente moveu as mãos pelas costas, fez algo que deu um
clique, então moveu as mãos por dentro da roupa, contorceu-as um pouco e tirou
o sutiã pelo pescoço.
"Você vai começar daí?!"
Shidou gritou, e Reine inclinou a
cabeça para o lado.
"...Tem algum problema?"
"Não, mas você não está claramente
fazendo na ordem contrária?! Ou melhor, você não precisa tirar mais nenhuma
roupa!"
"...Hmm? Isso não é injusto? Eu
ainda posso continuar..."
"Você só quer tirá-las, não
é?!"
Shidou aumentou a voz e sua cadeira foi
chutada novamente com um *gan*.
"Eu não ligo para isso, mas se
apresse. Olhe, o próximo personagem já apareceu."
Dizendo isso, Kotori apontou para a
tela.
"Guh..."
Sem escolha, Shidou continuou o jogo.
Dessa vez, o que apareceu na tela foi a
cena de uma garota que parecia estar na mesma série do protagonista, que se
chocou contra ele na esquina do corredor e caiu com as pernas em forma de M com
a calcinha completamente visível.
"——!"
Enquanto procurava na memória, Shidou
cerrou os punhos e disse em voz alta.
"Não tem nenhuma! Essa com certeza
não aconteceu!!"
"... Sério? Mas eu acho que isso
acontece inexplicavelmente..."
Isso foi o que Reine disse, mas ele
definitivamente não passou por isso antes. Shidou balançou a cabeça
confiantemente.
Mas sua cadeira foi chutada outra
vez. "Esse não é um jogo onde você tenta decidir qual situação é realista
ou não. Faça direito. Se errar de novo na próxima escolha— isso."
Dizendo isso, Kotori mexeu no
computador á sua frente.
"...Ah?"
Shidou juntou as sobrancelhas
enquanto um vídeo era mostrada na tela.
—O fundo era o quarto de Shidou.
Ali, estava um Shidou seminu.
"Isso... é..."
O rosto de Shidou ficou pálido.
Afinal de contas, aquilo era—
"Special•Instant Lighting
Blaaaaaaaaaast!"
Na imagem, Shidou fez uma pose com
as duas mãos juntas na cintura e com todo o poder, subitamente as empurrou para
frente.
Kotori fez uma expressão que
parecia que não haver possibilidade dela apreciar nada além daquele momento.
"Exato, isso é de antigamente,
quando Shidou estava cuidando da casa sozinho... *pu*, quando estava praticando
seu movimento mortífero original no quarto... *kuru*,
um vídeo..."
Incapaz de segurar, Kotori disse
enquanto ria espalhafatosamente.
"Nãããããããããããããããããããooo—!"
Shidou soltou seu grito mais
magnífico do dia.
"Kotori! Isso não! Por favor,
qualquer coisa, mas não isso!"
"Fufu, é melhor você
ter certeza de escolher a resposta certa da próxima vez então. ...Ahh, se você
desistir no meio do caminho, eu vou botar esse vídeo em um site de
vídeos."
"....."
Com uma expressão de que estava
para chorar, Shidou agarrou o controle mais uma vez.